Os Beneficios de Viver em União - Salmo 133





Esse Salmo é um Cântico de Romagem (ascensão, peregrinação ou degraus) de Davi. Existe uma coleção desses cânticos (120 – 134) no livro dos Salmos. Essas canções foram usadas no período pós-exílico pelos peregrinos que iam em direção as festas cultuais no reconstruído Templo em Israel, a saber, as celebrações: da Páscoa, das Semanas ou Colheita e dos Tabernáculos. Estas são as três festas de peregrinação descritas na Bíblia como mandamento.

OBJETIVO e CONTEXTO:

Alguns homens estudiosos do passado davam o titulo desse Salmo de “O beneficio da comunhão dos Santos” enquanto em algumas Bíblias temos a descrição: “A excelência da união fraternal”. Esses títulos nos transmitem uma sensação agradável e atraente, logo, o seu conteúdo não poderia ter um objetivo menos glorioso e significativo que o seu tema.
Davi (a quem foi dado a autoria do Salmo) nessa sessão dos cânticos de romagem, descreve algumas palavras referentes a comunhão e o relacionamento do povo de Deus. Os visitantes a Sião estavam prestes a retornar para os seus devidos lugares, e este pode ter sido seu hino de júbilo por Davi ter visto tanta união entre as tribos que se reuniram em Sião, e que tinham a adoração a Deus em comum.

O autor tinha bastante experiência no contexto familiar e poderia com propriedade falar a cerca do assunto. Então aquele contexto cheio de estrangeiros pôde inspirar o rei local a escrever esse cântico, e nós podemos hoje desfrutar de um dos mais belos Salmos referentes à relação mútua das tribos do povo do Senhor.

O que nós podemos então aprender com este Salmo? Veremos esse texto com o seguinte óculos temático: “Os benefícios de viver em união”.

1.    O QUE É “VIVER EM UNIÃO”?

a)    “União” do latim “unus” ou um, e significa exatamente: “ato ou resultado de unir-se”. Uma união deve funcionar como se os seus participantes fossem apenas um. Se não for assim, foge o seu significado.
b)   União não é a aglomeração momentânea de várias pessoas, pois geralmente não existe propósito e nem ideal comum e duradouro.
c)    Mas, viver em união pode significar a aglomeração definitiva de mais de uma pessoa, em que exista uma finalidade em comum, independente de espaço, tempo ou local.
d)   Ou seja, o que estamos fazendo hoje é apenas um evento de pessoas que vivem em união, ou o fruto colhido por tal disposição coletiva.

2.    A UNIÃO FRATERNAL É BOA E AGRADÁVEL (133:1)

2.1.        QUEM SÃO OS IRMÃOS?

a)    Quando Davi usou o termo irmão, a palavra usada foi “Noun” que tanto é usado para “pessoas filhos do mesmo primogênitor” ou “pessoas ligadas pelo mesmo primogênitor” e creio por causa do contexto que ele estava se referindo ao segundo significado.
b)   Davi não pensou nos crentes lavados e regenerados por Cristo quando citou tais palavras, mas pensava na união do seu povo que foi unido pelo mesmo primogênitor: Jeová.
c)    Sendo assim, essas palavras transbordam livremente as paredes da literalidade e inundam o nosso contexto. O da igreja do Senhor Jesus, que foi unida por Deus por meio de Cristo. E sem medo algum podemos usar essa expressão para o nosso beneficio sem nenhuma distorção do Escrito Sagrado.

2.2.        UMA UNIÃO BOA E AGRADÁVEL

a)    Nem tudo que é bom é agradável, por exemplo: a disciplina do Senhor (Hb 12:11). Mas a união entre irmãos o texto diz que é tanto “boa” como “agradável”.
b)   Quando vivemos em união com os nossos irmãos, nós estamos fazendo a vontade de Deus e desfrutando dos seus benefícios (Rm 12:2).
c)    Viver em união com os irmãos, também condiz em se relacionar indiretamente com Cristo, que como irmão maior (Rm 8:29) deseja unidade (Jo 17.20-21), e não buscar isso é repudiá-lo.
d)   É bom e agradável pois:

I.              Faz bem em relação ao trabalho e à influência da igreja.
II.            Á mútua edificação e crescimento na graça.
III.           Ao sucesso na oração.
IV.          Á recomendação do evangelho a outras pessoas.
V.           É agradável como geradora de felicidade que agrada a Deus.

e)    E figurativamente é tão perfumoso como o ungir sacerdotal e frutuoso como o orvalho no Hermom.

3.    A QUE COMPARAREIS A NOSSA UNIÃO? (133:2-3)

3.1.        COM O ÓLEO DERRAMADO SOBRE A CABEÇA DE ARÃO (2)

Eu não tenho dúvidas que Davi pensou bem antes de escolher a quê comparar a união fraternal. E não habita em mim descrença sobre a especialidade da unção sacerdotal (principalmente a de Arão) na qual Davi usou como primeira comparação.

a)    O ungüento era "santo", preparado de acordo com a receita divina: Êx 30.23-25.

APLICAÇÃO:
A união da igreja é sagrada. Precisa surgir do amor ordenado por Deus; ser baseado nos princípios prescritos por Ele; e existir para os fins determinados por Sua soberana Pessoa.

b)   A unção era de Deus através de Moisés, que atuou por parte de Deus no mundo material. Pela unção, Arão se tornava consagrado, e oficialmente qualificado para agir como sacerdote.

APLICAÇÃO:
Pela unidade, a Igreja, como um todo, vive sua vida de consagração, e
ministra efetivamente no sacerdócio que lhe foi determinado.

c)    O óleo era difusivo; não ficava na cabeça de Arão, mas descia até as saias de suas vestes.

APLICAÇÃO:
A unidade, no passar do tempo, vai passando de algumas poucas pessoas, a
todos, especialmente a todos os líderes de uma igreja e para o restante de seus membros. Portanto, é uma questão pessoal. Cada um deve reconhecê-la, e por meio de amor e conduta sábia difundi-la.

3.2.        COMO O ORVALHO DO HERMOM QUE DESCE EM SIÃO (3)

OBSERVAÇÃO: Duas vezes nos é colocada a expresão “desce” ("desce para a  barba", "desce sobre os montes"). A amor na união é transmissível:

1-    De Deus Pai para os Seus filhos.
2-    De um crente para o outro crente
3-    Do crente para o incrédulo

O Hermom era (é) um monte muito alto e quase totalmente coberto por geleiras. Abaixo dele está as imediações de Sião. Os ventos fortes provocados no monte Hermom levam na direção de Sião partículas de gelo que em contato com os raios solares se transformam em orvalho, dando a Sião a fertilidade nos campos e um aspecto sempre belo.

a)    O Hermom nunca foi mais belo e nem superior á Sião, mesmo assim o Hermom era essencial á ele.

APLICAÇÃO:

I-             Não despreze os pequenos, isto é, os fracos, pobres e menos dotados.
II-            Reconheça que Deus é o Pai, e Cristo é o Redentor de todos os crentes igualmente,    não só de você.
III-           Valorize a unidade na fé como sendo a verdadeira base da união, não as riquezas, posições sociais altas ou talentos diferenciados.
IV-          Creia que o menor membro é essencial para completar o corpo de Cristo.
V-           Reconheça que tudo que nós fazemos a uma pessoa aparentemente superior, ou visivelmente inferior, é de alguma maneira graça de Deus.

Será se estamos vivendo essa realidade? Se não, vamos buscar como uma obrigação satisfatória. Apesar de conta, Davi estava cantando de alegria a união fraternal do seu povo, e não exprimindo um mandamento doloroso.

CONCLUSÃO:

Na versão Revista e Atualizada do texto Bíblico traduzido por João Ferreira de Almeida, o fim do versículo 3 diz: “Ali, ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre”, e é muito válida essa versão pois o Senhor é quem nos dá a vida eterna. Mas o texto na versão à luz do Talmud Judaico diz: “Sejam elas (as bênçãos) perpetuadas em sua vida!”.

Eu poderia citar quatro bênçãos citadas no texto: a) A verdadeira bondade e alegria vinda de Cristo, b) A unção protetora do Espírito Santo, c) O amor de Deus Pai derramada sobre a igreja  d) E a vida eterna em união perfeita com os nossos irmãos no Reino do Senhor.

“...SEJAM ELAS PARA SEMPRE EM NOSSAS VIDAS!”

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